quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

De Belo Horizonte


Dona Clara, da esplanada de sua casa que de tão grande mais parecia um castelo, olhava a rua e pensava em momentos de sua vida. Lembrava do tempo em que era apenas uma camponesa no interior, trabalhado no cafezal, passeando pela floresta , sujando os pés naquele barro preto que ficava logo ali, perto da cachoeirinha.

Lembrava da irmã dela, Betânia, e dos planos de mudar para a praia, para o Havaí, logo elas que mal conseguiam tomar banho com mangueiras. Hoje, tinha o sonho de viajar para o Rio de Janeiro, visitar Copacabana, Ipanema ou Leblon. Quando era nova Suiça era a viagem dos sonhos, queria muito ir para a Europa, ou até mesmo para os EUA, visitar Nova York, a capital do mundo!
Quando os pensamentos foram trocador por orações, rezou para Santa Mônica, Santa Lúcia, Santa Terezinha e impossível não lembrar de Santo Antônio, para quem rezava fervorosamente para casar com Caetano Furquim, irmão da Lourdes. Lembrava da época em que ele era só um universitário. O santo casamenteiro ouviu suas preces e rapidamente houve a união do coração dos dois pombinhos.

Casaram em uma Igreja onde havia uma linda castanheira e foram morar juntos naquela casa branca, que tinha uma boa vista, que ficava ainda mais linda embalada por um belo céu azul de verão.  Ela gostava de ir buscá-lo no serviço, onde o via junto com outros funcionários fazendo planos para todos ficarem milionários.  Lembrou-se do dia em que ele chegou com uma linda saia para ela e exclamou: É nova, vista!
Aqueles eram seus tempos de glória.
Enquanto divagava em seus pensamentos, nem percebeu a aproximação de seu marido, que antes estava na sala tomando um conhaque velho Barreiro. Ele a assustou ao chegar sorrateiro e gritar:
- Paquetá aí pensando na vida? Tome uma providência e venha dormir.

Junto ao velho vinha o filho do casal, e ela pegando um pratinho com coxinha ofereceu: Quer salgado, filho? O filho recusou, e contou que teve festa da empresa pra comemorar o dia do trabalhador, primeiro de maio, e foi embora com sua esposa Juliana. Ele falava para a mãe que sua esposa valia um diamante, mas que ele não tinha dinheiro nem para comprar um ouro preto.
Dona clara então resolveu que era tempo de parar com os pensamentos de tempos passados, ou ela chegaria até a época em que houve o grito do Ipiranga. Como ainda estava muito claro, ela pegou uma venda nova para tirar a claridade dos olhos e foi dormir, pensando em como o Cruzeiro do Sul iluminava aquela cidade que ela tanto amava, aquela era uma cidade nova, que tinha um belo horizonte.

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